História de Nova Odessa

Século XVIII

O desenvolvimento da região que circunda Nova Odessa teve as suas origens nas sesmarias, concedidas no fim do século XVIII. A primeira referência: "de possuidores de glebas de terras por aquelas paragens. . ." - " na paragem de Salto Grande, há mais de 50 anos (1771), ali cultivando e residindo com fábrica de açúcar e sua manufatura...(História da Cidade de Campinas, de Jolumá Brito, vol. 18, pág. 9). Logo deparamos com a concessão de sesmarias no Quilombo, nos anos de 1798, 1799, 1802 e 1822.

 

As sesmarias e a subdivisão de terras:

Uma sesmaria abrangia áreas de grandes proporções e era geralmente concedida a várias pessoas À medida que a terra ia sendo ocupada, grandes fazendas se formavam, aos poucos subdivididas entre descendentes e agregados.
Depois vinham os pequenos núcleos e os vilarejos. E a venda e revenda de propriedades torna-se praticamente impossível documentar em detalhe essa evolução.

 

As sesmarias concedidas no Quilombo foram as seguintes:

Em 20 de abril de 1798, a Joaquim José Teixeira Nogueira e Ignácio Caetano Leme, nas margens do Ribeirão do Engano - Barra do Quilombo.
Em 20 de abril de 1799, a Maria Tereza do Rosário, Joaquim da Silva Leme e Rafael de Oliveira Cardoso, Ribeirão do Engano Barra do Ouilombo.
Em 2 de abril de 1802, a João do Prado Câmara, João de Souza Azevedo e Maria Ferraz Quilombo.
Em 6 de agosto de 1822, a Gerónimo Cavalheiro Leite, Pedro Antunes de Oliveira e Capitão André de Campos, terras no Quilombo.
Somos levados a assumir que a sesmaria de Joaquim José Teixeira Nogueira (1798) abrangia terras que hoje compõem Nova Odessa e municípios vizinhos. É fácil seguir a descendência do Sargento Mor (depois Capitão) Joaquim José Teixeira Nogueira, desde as grandes propriedades do século XIX, às fazendas e sítios do século XX. Os córregos São Francisco, Palmeiras (hoje Palmital) e Capoava, levam o nome de propriedades suas ou de seus descendentes. Devemos também presumir que os limites de outras sesmarias também atingissem áreas que hoje fazem parte do nosso município.

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A Baronesa - a locomotiva nº 1 da Companhia Paulista das Vias Férreas e Fluviais - a primeira que passou por terras de Nova Odessa (Pombal) em 1987

 

Estrada de Ferro

Em 1873 foi iniciada acolocação dos trilhos que ligariam Campinas a Rio Claro, atravessando as terras que hoje são Nova Odessa.

Começaram a chegar os trabalhadores, que acampavam ao longo da faixa de terra por onde os trilhos iam passar. A maioria era de imigrantes portugueses.Todo o trabalho era feito com enxadões e pás. A terra transportada em carroças. Pedras eram quebradas para revestir o leito da estrada e dormentes assentados. As matas margeando a estrada forneciam boas madeiras.

Depois de dois anos de intenso trabalho, a 27 de agosto de 1875, a linha foi aberta ao tráfego. Era uma sexta-feira e o trem inaugural partiu de Campinas às seis e quinze, fazendo o percurso até a Estação de Santa Bárbara (que em 1900 passaria a chamar-se Villa Americana), em hora e meia, inaugurando se no caminho a Estação de Rebouças (Sumaré, desde 1944).

Na Estação de Santa Bárbara foi servido um delicado lanche. No trem, viajaram como convidados especiais, o Imperador Pedro II, o Conde D'Eu, Príncipe Consorte, o padre Vicente Pires da Motta, Presidente da Província, Secretários de Estado e a diretoria da Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviais.

Durante trinta anos passaram os trens pelas terras do Pombal (Nova Odessa) sem que houvesse uma parada no local.

A Colônia possuia estrada de ferro, cujos trilhos já haviam chegado em 1873. Em 1912 foi construído o ramal de Piracicaba que aumentou sobremaneira o movimento de viajantes e permitiu à estação ser um dos pontos de parada. A ferrovia foi inaugurada por Dom Pedro II em 1875. A estação de Nova Odessa foi construída em 1929. A de Recanto foi aberta ao tráfego em 1916.

 

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A estação do Recanto, aberta ao tráfego em 1916.

No início deste século começaram a parar aqui alguns trens mistos e, por volta de 1905, foi instalado o Posto Telegráfico do Pombal, provavelmente para atender as necessidades do recém-criado núcleo colonial. Os primeiros colonos letos (1906) vinham de trem de passageiros até Villa Americana e, de lá, tomavam um trem misto de volta para Pombal.

Em 1º de agosto de 1907 foi inaugurada a Estação de Nova Odessa, sendo Antônio Costa o primeiro chefe de estação. A parada do Recanto, entre os quilômetros 78-79, data de 7 de outubro de 1916.

Em 14 de julho de 1917, também seriam abertos ao tráfego, o ramal e a nova estação de Santa Bárbara.

Em 1922, o ramal atingiu Piracicaba.

Com o desenvolvimento da região, principalmente a cultura do algodão e o plantio da melancia, Nova Odessa já fazia jús a uma estação de maior porte. A estação atual inaugurou-se em 20 de setembro de 1929.

 

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Pessoas da Estrada de Ferro, em 1929

 

O Território

O nome de Pombal está diretamente ligado à fundação de Nova Odessa, porque assim se chamavam estas paragens há muitos anos e também tinha esse nome a primeira fazenda comprada pelo governo, para a instalação de um núcleo colonial.

O Posto Telegráfico da estrada de ferro e parada de trens tinha o nome de Pombal, antes de denominar-se Nova Odessa.

As propriedades que no início deste século originaram a formação do Núcleo Colonial Nova Odessa, foram: a Fazenda Pombal, comprada pelo governo em 1905, a Fazenda Velha, comprada poucos meses depois e o "engenho velho", da antiga Fazenda São Francisco. Outras propriedades foram compradas pelo governo, entre 1909 e 1911, para fazerem parte do núcleo colonial, cujas terras estão hoje no vizinho município de Sumaré. Eram as fazendas Pinheiro, Paraíso e Sertãozinho.

Cada uma dessas fazendas passou a ser uma das seis seções do Núcleo Colonial Nova Odessa. Para completar o território hoje ocupado pelo município, havia, nessa época, outras propriedades que não faziam parte do referido núcleo colonial. Entre a Seção Nova Odessa (Pombal) e a Seção Fazenda Velha, já existiam o bairro da Cachoeirinha e a Filipada, onde eram proprietários, Anna Pinto de Camargo, os Whitehead, João Félix de Camargo, os Pyles e outros pequenos sitiantes.

Entre a Seção Engenho Velho e a Seção Nova Odessa, os 25 alqueires dos Bassora. Entre as seções Engenho Velho, Sertãozinho e Fazenda Velha, os sítios Capoava e Palmeiras, dos Azenha e dos Oliveira, terras de Antônio do Valle Mello (que vendeu 50 alqueires de terras aos Mattioli) e outros.

Do outro lado da linha do trem, terras dos Machado de Campos, Leite de Camargo, Nascimento, Toledo, Oueiroz Aranha e outros. As fazendas São Francisco, Olhos D'Água, Triumpho, os sítios Pirajú, Santo Ângelo etc. O sítio Pau Pintado, no Portão Pesado, era dos Pinto de Oliveira, hoje é a Fazenda Rubaiyat. O Vale Rico era dos Bradley. Para os lados da Víla Americana, nas margens do Quilombo, as terras de Charles e Maria Fenley.

 

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A escola da Fazenda em 1908. A professora era d. Brasília Campos Aguirre e na foto vemos Adolpho Steinberg, Benedito (?), Agusto Araium, Eduardo Leekning, Carolina Leekning, Olga Strelniek, Arthur Peterlevitz, Henrique Bezod, Gustavo Peterlevitz, Fritz (?), Augusto Klava, irmãs Pyles, Milda Gulbis, Mathilde Streilniek, Cecília (?), (?) Teixeira, Theodoro Gulbis, Oscar Araium (o 3º sentado da esquerda para direita), Roberto Pyles, (?) Gulbis, Lorena Pyles, Alida Davidsky, Filomena(?) e Leontina Araium. Não nos foi possível identificar sete meninos da foto.

 

Origens da Criação do Núcleo Colonia

Durante três séculos o Brasil viveu quase que exclusivamente da mão-de-obra escrava, de origem africana. No início do século passado, ativou-se um movimento mundial de repúdio à escravidão, que viria modificar toda a estrutura de trabalho no mundo ocidental.

O Brasil, em 1870, era o único país do ocidente que ainda não abolira a escravatura. Dentro desse contexto, o governo brasileiro logo começou a incentivar a vinda de imigrantes estrangeiros, não só para substituir o "braço escravo", mas também como forma de apressar o desenvolvimento da agricultura no seu imenso e pouco explorado território.

Sempre que algum fator político, econômico ou social afetava outros países ou regiões, originando um movimento migratório, o Brasil procurava atrair esse fluxo para as suas terras. Assim vieram os suíços-alemães, os alemães, os norte-americanos, os italianos, poloneses, russos, húngaros, letos e outros.

Em 1904, quando Carlos Botelho assumiu a Secretaria da Agricultura, era política vigente a criação de núcleos coloniais para imigrantes de mesma origem étnica. O governo tinha por norma comprar terras de particulares e, dividindo-as em lotes, revendê-las aos imigrantes, a prazo de cinco anos. Num despacho de Carlos Botelho, de 1º de julho de 1905, lê-se:
"interessa ao governo, somente as propriedades à vista das estradas de ferro e de grande extensão". Nessa época a maior imigração era de italianos.

Para exemplificar a importância que tinha o movimento de imigrantes, citamos o fato do governo da Itália começar a dificultar a emigração para o Brasil, canalizando-a para as suas possessões na África. Carlos Botelho convidou o cônsul da Espanha para visitar os núcleos coloniais e as terras disponíveis, com vistas a atrair imigrantes espanhóis, o que logo conseguiu em larga escala.

Isso criou tal ambiente na Itália que obrigou o governo italiano a reconsiderar sua decisão e a levantar as restrições impostas. No caso de Nova Odessa, deu-se o fato de estar havendo um grande movimento migratório na Rússia, em razão de graves conturbações políticas e sociais. Como resultado dos reveses militares da guerra russo-japonesa (1904/5), agrava-se a situação interna da Rússia.

Em janeiro de 1905, a fuzilaria do "domingo vermelho" destruiu a confiança do povo no czar. Greves, motins, revoltas e atentados se sucedem. Milhares de famílias russas abandonam o país e espalham-se por toda a Europa. Muitos emigram para os Estados Unidos.

Carlos Botelho logo instruiu o seu auxiliar e amigo Augusto Ferreira Ramos (que estava em Nova York em missão do governo), para estudar a possibilidade de canalizar parte desse movimento para o Brasil.
Em princípios de março de 1905, Augusto Ramos assistia em Nova York o desembarque de imigrantes russos, que lhe causaram ótima impressão. Ainda em março, em Londres, informava-se sobre a melhor forma de trazer esses colonos.

Em 13 de abril, assinava contrato com a companhia de navegação Royal Steam Packet Company, para esse efeito. E em maio já chegavam a Santos e a Nova Odessa (Pombal) os primeiros onze russos. (Relatório da Hospedaria dos Imigrantes do mês de maio de 1905 - Arquivo do Estado São Paulo, ordem 4680).
Paralelamente, no Brasil, Carlos Botelho, em fevereiro de 1905, providenciava a compra da primeira fazenda do novo núcleo, a Fazenda Pombal, cuja escritura foi lavrada em 11 de março.

Em seguida foram estabelecidas as bases para a instalação do novo núcleo, demarcados os lotes e, a 24 de maio de 1905, criado oficialmente o Núcleo Colonial de NOVA ODESSA, pelo decreto nº 1286. A primeira referência a "camaradas russos" trabalhando no Núcleo, é o dia 29 de maio, e encontra-se no "diário" mantido pelo administrador, Cândido de Albuquerque. (Arquivo do Estado - São Paulo, ordem 4681)

Também na prestação de contas do Núcleo, do mês de maio, encontramos o pagamento feito a seis trabalhadores, cujos nomes são obviamente russos e de origem judaica. (Arquivo do Estado - São Paulo, ordem 7196)".

 

Colonização - Os Primeiros Imigrantes

Em 2 de agosto, desembarcaram em Santos, procedentes de Southampton, trazidos pelo vapor Aragon, mais 379 judeus russos. Foram enviados para vários núcleos, entre eles o de Campos Salles e o de Nova Odessa.

Achamos também uma anotação de 4 de setembro, da Hospedaria dos Imigrantes, informando que estavam mandando mais quatro famílias de russos para Nova Odessa, fora as três que já tinham ido dias antes. Examinando a relação de imigrantes chegados em 2 de agosto, verificamos que quase não havia agricultores entre eles.

Anotamos as seguintes profissões: sapateiro, pedreiro, cocheiro, caixeiro, padeiro, serralheiro, funileiro, pintor, carregador, lavador de roupa, mascate, acróbata, tecelão, cozinheiro, ferreiro, foguista, tanoeiro, carniceiro, maquinista, prestidigitador, sem profissão, curtidor, chapeleiro, vendedor de frutas, tapeceiro, negociante, alfaiate, eletricista etc. (Arquivo do Estado, ordem 4682).

Somos levados a crer que as primeiras levas de russos, enviados pela agência da companhia de navegação, ao preço de 135 shillings por adulto e de 77 por menor de doze anos, eram de imigrantes desqualificados para a agricultura, que estavam deslocados pelos países da Europa, principalmente na Inglaterra, e que a agência mandou sem maiores cuidados.

Foram enviados para os núcleos coloniais e, não estando afeitos a trabalhos rurais, logo abandonaram essas colônias, dispersando-se pelas cidades maiores. Entretanto, o Núcleo Colonial Nova Odessa havia sido criado, especificamente para a localização de imigrantes russos.

O governo fez gestões junto à Legação do Brasil em São Petersburgo, procurando trazer imigrantes diretamente do Império Russo e pretendendo lá iniciar uma propaganda a favor da migração para o Brasil.
Em resposta, por carta de 31 de agosto de 1905 (Arquivo do Estado, ordem 4682), o Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro, informa que o governo russo era contrário à emigração de seús súditos.

Que apenas os israelitas tinham a saída sempre facilitada. Dificultava-se assim a emigração de russos qualificados para a lavoura e também fica esclarecido que nunca veio nenhum grupo de emigrantes da cidade de Odessa. Em fins de 1905, poucas famílias russas permaneciam no núcleo e o governo começou a fazer diligências para a vinda de imigrantes letos, enviando João Gutmann a riga, capital da Letônia, então província da Rússia.

Também levava em consideração os esforços de Júlio Malves para trazer famílias letas de Santa Catarina. Datados de 8 de janeiro de 1906, encontramos ainda os processos de compra de lotes, em Nova Odessa, de lvas Zuk (lote 24), Marck Pipman (lote 30), Mendel Bendernsky (lote 13) e Mark Shwarzman (lote 31).

Todos esses processos tem despacho de Henrique Ribeiro, em 9/1/1906, de Carlos Botelho, em 15/1/1906 e, aos três primeiros, foram dados títulos provisórios de propriedade, em 20/1/1906. Após isso, apenas encontramos referências à colonização leta, que se deu a partir de junho de 1906 e que consolidou a implantacão do núcleo.

 

Os Colonos Letos

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Júlio Malves

 

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Janis Gutmann

 

Com o malogro da primeira experiência com imigrantes russos, a atenção da Secretaria de Agricultura voltou-se para a possibilidade de trazer para Nova Odessa, imigrantes da Letônia, que também eram considerados "russos" e que já estavam instalados em dez colônias, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Os primeiros letos haviam chegado ao Brasil em 1890 e eram considerados bons agricultores. Carlos Botelho, em fins de 1905, enviou à Europa João (Janis) Gutmann, um leto luterano que exercia funções de agente de imigração junto à Secretaria de Agricultura.

O Brasil mantinha um escritório de imigração em Antuérpia, Bélgica, com sucursal em Londres. Instalado na sucursal, João Gutmann entrou em contato com letos interessados em emigrar, residentes nas muitas colônias letas espalhadas pelo território russo, bem como na própria Letônia, então província da Rússia, a fim de enviá-los para São Paulo.

Mais ou menos na mesma época, Júlio Malves, um batista leto, que viera para Rio Novo em 1891 e que se transferira para Jacu-Açu em 1898, tomou conhecimento do incremento que a imigração estrangeira estava tomando no Estado de São Paulo.
Pediu uma audiência com o então Secretário da Agricultura e, uma vez na presença de Carlos Botelho, expôs-lhe os problemas dos letos nas colônias da região de Blumenau e Joinville e os seus ideais de reuní-los numa grande colônia, esclarecendo que se tratava de um povo afeito aos labores agrícolas e de grande torça de vontade e tenacidade.

Após mais alguns entendimentos ficou acertado que a Secretaria da Agricultura mandaria cinco passagens gratuitas, para uma comissão de representantes que desejasse visitar os núcleos coloniais do Estado de São Paulo, Jorge Tibiriçá (Corumbataí) e Nova Odessa, este último recentemente abandonado por judeus russos.

Essa comissão de "espias", da qual faziam parte Ernesto Araium, Ricardo J. lnke, Roberto Peterlevitz, Cristiano Leekning e Joao Lapin, era originária de Jacu-Açu e veio a Nova Odessa em fevereiro de 1906. Esses dois movimentos originaram a vinda dos primeiros contingentes de Letos para Nova Odessa, em 24 de junho de 1906: Um de Santa Catarina e outro da Europa.

Um de Santa Catarina e outro da Europa. O primeiro era constituído de batistas letos, da colônia de Jacu-Açu, transferidos por iniciativa de Júlio Malves, enquanto o outro, de luteranos, enviados por Janis Gutmann.
De Santa Catarina vieram inicialmente umas dez famílias, mas já em julho e agosto foram chegando outras, à medida que iam vendendo as suas terras no Sul, principalmente para os alemães.

Da Letônia e de colônias Letas da Rússia vieram 40 famílias nessa primeira leva. Mais imigrantes continuaram a chegar tanto da Letônia como dos estados do Sul, instalando-se em Nova Odessa e em outros núcleos. No jornal "O Imigrante" de janeiro de 1908, lemos: "O núcleo colonial Nova Odessa, com 97 lotes, dos quais 64 estão occupados por famílias russas e 33 lotes estão à venda".

 

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Theodoro Mesgravis e André Sprin em 1920

A Emigração Leta para o Brasil

As opressões político-religiosas e as condições sócio-econômicas precárias, que na Letônia não permitiam ao cidadão adquirir um pouco de terra para lavrar e com o produto do seu trabalho prosperar honestamente, foram os motivos fundamentais que deram origem aos primeiros movimentos migratórios dos letos para o Brasil.

Tratando-se de um povo basicamente de ocupação agrícola, os letos, ao chegarem ao Brasil, logo procuraram áreas de terras, as mais amplas pos­síveis para as cultivarem e prosperarem e, concomitantemente, desenvolver sua vida espiritual num ambiente de plena liberdade religiosa.

A emigração de letos para o Brasil teve a sua origem com o aparecimento de publicações sobre este país no diário leto "Baltijas Wehstnesis" (O Mensageiro dáltico) em 1889, editado em Riga, capital da Letônia, e de um pequeno livro em princípios de 1890, intitulado 'Brazilija' (Brasil).

Essas publicações eram de autoria de dois jovens letos recém-formados pela Universidade de Dorpat, na Estônia - Karlis Balodis, pastor luterano e Peteris Sahlítis, doutor em filosofia, que haviam visitado o Brasil em 1888, interes­sados em verificar a procedência ou não das propaladas vantagens que o Brasil oferecia aos imigrantes agricultores, especialmente no Estado de Santa Catarina, segundo a imprensa alemã.

No Rio de Janeiro e em Desterro (Florianópolis) entraram em contato com uma das empresas colonizadoras - a Grã-Pará - visitando as suas colônias formadas de poloneses e italianos, na região de Orleã, onde o clima se assemelhava ao da Letônia, naturalmente sem os rigores do inverno.

As publicações em pauta descreviam o Brasil, a fertilidade da terra, o clima, a flora e a fauna, os produtos, a política liberal do governo, as facilidades oficiais dadas aos imigrantes agricultores, inclusive o apoio à formação de grandes aglomerados de imigrantes da mesma nacionalidade para evitar a nostalgia e os problemas culturais.

A oportunidade de uma emigração de letos em grandes escala, tanto da Letônia como das colônias letas da Rússia, parecia excepcional aos dois jovens letos. E, sob os efeitos da impressão que as publicações causaram em certas camadas sociais, Karlis Balodis logo organizou em Riga uma agência de emigração para o Brasil.

Em abril de 1890, Karlis Balodis partiu do cais de Riga com cerca de 25 famílias ,a bordo de um navio pequeno, que os levou ao porto de Lübek, na Alemanha, de onde, em outro vapor, chegaram a Laguna, porto brasileiro do Estado de Santa Catarina. A maior parte daqueles emigrantes compunha-se de diaristas da metrópole leta, especialmente da fábrica de cimento, que não se conformava em trabalhar indefinidamente só pelos iteresses do patrão, sem condições de chegar à emancipação econômica.

Durante a viagem que lhes era gratuita, esses emigrantes faziam suas fantasias, pensando na lavoura em termos europeus. De Laguna até Orleã, viajaram pela estrada de ferro recém-construída, que na época ali fazia o seu ponto final.

De Orleães marcharam a pé cerca de dez quilômetros, até Rio Novo, grande gleba de terras que tomou esse nome emprestado do rio que corta a região. Ficou ali estabelecida a primeira colônia Leta no Brasil, a de Rio Novo. O contraste entre o ambiente que conheciam na Letônia e aquele que se lhes deparava agora no Brasil, produziu nos recém chegados um impacto negativo.

Encontrando-se ainda nos alojamentos comuns de alguns barracões da empresa colonizadora e percebendo, na mata virgem a desbravar, um futuro tenebroso, resolveram abandonar o local, dispersando-se pelas cidades do Sul, como Desterro e Porto Alegre, enquanto uns poucos voltaram para Riga.

Ficaram na colônia apenas quatro famílias. Entre elas estava uma única família batista a de Janis Aruns - que se correspondeu com outros batistas de Riga e, como resultado, vieram para Rio Novo em julho de 1891, mais cinco famílias, entre elas as de Frischenbruder e Malves, mais tarde nomes de projeção entre os batistas letos do Brasil.

Em novembro do mesmo ano chegaram mais duas e em dezembro outras 25 famílias, a maioria de batistas e algumas de luteranos. As primeiras colônias letas a estabelecer-se no Brasil foram em Santa Catarina. Em 1890, a de Rio Novo; em 1892, a de Rio Oratório; em 1893, as de Rio Mãe Luzia e Massaranduba.

Nesse mesmo ano, a de ljuí, no Rio Grande do Sul. Em 1898, Jacu-Açú; 1899, Ponta Comprida; 1900, Terra de Zitnmerman e, em 1901, as de Schroederstrasse e de Linha Telegráfica, todas em Santa Catarina.
Vieram depois as colônias letas do Estado de São Paulo: Nova Odessa e J orge Tibiriçá ou Corumbataí, em 1906; Nova Europa, em 1907; Paríquera-Açú, em 1910: São José dos Campos, em 1914 e Varpa, em 1922.

 

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No caminho para a Fazenda Velha, em 1922, Milda Mesgravis, Adina Kudrin, Lídia Strautman, Maria Mesgravis e Marta Strautman.

 

Os Italianos

Na região, já residiam algumas famílias de imigrantes italianos e portugueses que, aos poucos, foram participando da vida entre os letos, vendendo-lhes vacas, cavalos, etc.

Entre essas famílias, são citadas na Monografia de Nova Odessa, a de João Bassora, Quirino Bassora, Matiolli, Delben, Marmilli, Azenha, Camargo, Leite, José Whitehead (imigrante americano). Muitas moças que tinham experiência em tecelagem caseira, iam trabalhar como tecelãs em Carioba.

 

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Visita de Carlos Botelho a Nova Odessa, no início da Colonização

Carlos Botelho - O Fundador

Carlos José de Arruda Botelho, nasceu em Piracicaba, em 14 de maio de 1855, filho primogênito do coronel Antonio Carlos de Arruda Botelho, mais tarde Visconde e Conde de Pinhal, e de Da. Francisca Coelho de Arruda Botelho.

Começou a estudar em Piracicaba e terminou seus primeiros estudos no tradicional Colégio de Itu, dos jesuítas, em 1867. Nesse ano mudou-se para o Rio de Janeiro onde continuou os seus estudos cursando até o 2º ano da Faculdade de Medicina.

Em 1875 viajou para a França, matriculando-se no 3.º ano da Faculdade de Medicina de Paris, onde, com brilhantismo, recebeu o grau de Doutor em Medicina, no ano de 1878, tendo-se especializado em cirurgia sob a direção do renomado professor Courty.

A tese que defendeu na sua formatura era "Contribuição ao estudo da inversão uterina antiga e seu tratamento". Viaja alguns meses pela Europa e volta então para a província de São Paulo, resolvido a exercer a sua profissão na capital.

Pouco depois de seu regresso da França, casa-se no Rio de Janeiro com d. Constança de Brito Souza Filgueiras, que foi a animadora perfeita e inspiradora de seu marido na missão que se impusera na sua nobre carreira.

 

Carlos Botelho - Médico

Com imenso futuro diante de si, podendo escolher à vontade a sua clientela, com posição definida na melhor sociedade brasileira - filho que era do Conde de Pinhal - qual foi entretanto o campo escolhido pelo jovem médico para o desenvolvimento da sua especialidade?

A Santa Casa da Misericórdia de São Paulo! A essa benemérita instituição é que Carlos Botelho se dedicou de corpo e alma, para atender ao espírito humanitário que o impelia em socorro dos menos favorecidos. Revalidou o seu título perante a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1883.

Pela sua dedicação e proficiêncía, foi indicado para ser o primeiro diretor clínico da Santa Casa, quando da criação desse cargo em 1884. Surgem naquela época, na Santa Casa, duas vigorosas figuras de cirurgiões, que repartiam a prática da cirurgia no hospital: Carlos Botelho e Nicolau Vergueiro.

Botelho tinha a brilhante formação cultural e técnica da escola francesa, em grande prestígio no século passado, enquanto Vergueiro se educara na rígida disciplina da escola alemã. Esta desigualdade de escolas provocava constantes celeumas e discussões entre os dois chefes de cirurgia.
Luiz Pereira Barreto veio completar a tríade, com Botelho e Vergueiro, dando impulso a uma nova era de práticas cirúrgicas.

Foi Carlos Botelho o introdutor de assepcia entre nós. Na Santa Casa criou inúmeros melhoramentos, entre os quais, uma sala asséptica para operações, uma iniciativa pioneira e de funda­mental transcendência.

Abriu também a Casa de Saúde do Braz, na Rua do Gasômetro, que fez época pelas inovações dos tratamentos que proporcionava. Nesse tempo, muito moço e elegante, era respeitado na medicina e admirado na sociedade.

Ao profundo conhecimento de patologia, aliava a destreza manual inigualável, dons que lhe permitiam improvisar processos e triunfar das insídias das moléstias, sempre dentro do seu lema - "cito tuto et jocundo".
Foi o cirurgião que fez pela primeira vez, em São Paulo, a cirurgia dos bócios, com êxito.

Após Luiz Pereira Barreto fazer a primeira talha, para a extração do cálculo vesical, em 1881, Botelho executou a segunda, num menino de doze anos, especializando-se nesse tipo de intervenção, às quais assistiam outros médicos e estudantes.
Carlos Botelho, sem dúvida, pode ser considerado o pioneiro da urologia paulista, nome invariavelmente indicado para a regência das cátedras de vias urinárias, das várias escolas médicas projetadas naqueles tempos.

Para mostrar a sua disposição à urologia, lembramos que em 1882 publicava uma estatística de seus primeiros meses de clínica, que reflete definida tendência para esse campo. A atenção de Carlos Botelho voltou-se para os problemas da sutura da bexiga e para os curativos pós-operatórios, conforme demonstra o trabalho por ele apresentado em 1887, à recém fundada Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.

Inventou as chamadas "almofadas de celulose sublimada", envolvidas em saco de gaze, que pela sua grande capacidade higrométrica absorvia toda a urina eliminada, o que constituiu um aprimoramento técnico de importância.

No campo da medicina, Carlos Botelho pode ser considerado um dos expoentes dos primórdios da cirurgia paulista. Ainda hoje, tantos anos decorridos, se recordam com respeito, nos centros médicos brasileiros, os feitos do jovem operador.

 

Carlos Botelho - Ruralista

Homem de excepicional sensibilidade para os problemas do momento, de um interesse cívico fora do comum, percebendo as deficiências econômicas e sociais com que lutava o país, antevia as possibilidades que tínhamos de vencê-las.

Ligado à terra pelo seus antecedentes, dono de propriedades agrícolas de importância, não se conformava com o "roceirismo" dos processos agrícolas que vinham esgotando desnecessariamente o nosso solo e se dispôs a demonstrar que, com ânimo, inteligência e estudos, poderíamos revolucionar a agricultura, multiplicando a produção com a mesma soma de esforços e despesas, preservando, além de tudo, a fertilidade da terra.

A revolução que empreendeu, iniciou-se em suas próprias fazendas, a Dourado, em Iguape, e a Lobo, em São Carlos. Queria demonstrar, pelo exemplo, do que seriam capazes as nossas terras, se tratadas racionalmente.

 

Carlos Botelho - Homem Público e Colonizador

No governo de Jorge Tibiriçá, Presidente do Estado de São Paulo, de 1904 a 1908, ocupou Carlos Botelho a pasta da Secretaria da Agricultura, que então compreendia também as de Comércio, Obras Públicas, Viação, Navegação e Iluminação. Dentro de suas complexas atribuições, devemos citar algumas das realizações de sua iniciativa.

O levantamento da carta geográfica do Estado; a criação de escolas agrícolas: a encampação da Estrada de Ferro Fluminense; o serviço de águas e esgotos da capital; o saneamento da cidade de Santos, entregue por Carlos Botelho ao engenheiro Saturnino de Brito: e muitas outras.

A capital paulista ficou a dever-lhe um dos seus mais encantadores logradouros de lazer - o Jardim da Aclimação que Carlos Botelho mandou construir nos moldes do Jardin de la Acclimation, de Paris, que ele costumava freqüentar nos seus tempos de estudante.

Mas foi no campo da agropecuária que Carlos Botelho mais se revelou. Ao assumir o seu novo cargo, Botelho havia acabado de voltar dos Estados Unidos, onde conheceu novos sistemas de trabalho agrícola.
Resolveu, então, dar impulso à cultura do algodão, relegada por nós a segundo plano devido à concorrência norte-americana.

Esse gesto foi vivamente criticado, porém, perseverou no seu intento. Fez propaganda dos mais modernos métodos de cultura, desde o preparo do terreno até o aproveitamento industrial. Organizou mesmo, uma exposição num edifício existente no Largo São Francisco.

Alguns fazendeiros se deixaram contaminar pelo entusiasmo e, assim, a cultura do algodão era reintroduzida em São Paulo, tornando-se posteriormente uma das nossas maiores fontes de riqueza.

Com referência ao arroz, que até então se importava do Oriente, iniciou aqui essa cultura, pelo sistema de irrigação, trazendo inclusive técnicos americanos para o núcleo de Moreira César. Aplicou o mesmo sistema de irrigação aos nossos cafezais. O despolpamento do café, assunto ainda hoje tão atual, teve nele um dos seus propagandistas mais entusiastas.

Carlos Botelho foi um campeão da campanha do trigo nacional. Ficaram famosas as fotografias do apaixonado lavrador no meio de seus formosos trigais. Recordamos que, pela primeira vez, ele promoveu exposições agrícolas em Campinas, Batatais, São Carlos, ltapetininga e Pindamonhangaba.

Preocupou-se com a erosão, estimulou estudos meteorológicos regionais, deu os primeiros passos no campo da estatística aplicada e, na sua administração, nasceu a moderna divulgação agrícola paulista. O problema de falta de braços para a lavoura era na época dos mais angustiantes.

Criou a Agência Oficial de Colonização e Trabalho. Estabeleceu os núcleos coloniais de Nova Odessa, Nova Europa, Jorge Tibiriçá, Nova Paulicéia, Gavião Peixoto e Corumbataí.
Pessoalmente supervisionou a implantação desses núcleos.

Deu especial atenção ao de Nova Odessa, pois esse teve muitos problemas até se consolidar. Inclusive, foi abandonado pelos primeiros colonos, os judeus russos, e só se desenvolveu quando para lá canalizou a imigração leta. Na época, a maior imigração era de italianos.

Houve um período em que o governo da Itália incentivava os seus súditos a emigrar para as colônias da Africa, em detrimento da América. Nesse impasse, Carlos Botelho convidou o representante da Espanha a visitar os núcleos coloniais e, desse modo, conse­guiu atrair a imigração espanhola.

Por decorrência, o governo italiano levantou as restrições impostas, normalizando-se a emigração italiana. Iniciou a imigração dos russos para o Brasil e trouxe grandes contingentes de letos para os novos núcleos. Permitiu também a vinda de colonos letos de Santa Catarina para o Estado de São Pauto, onde as condições eram mais favoráveis.

Em 1907, antes da primeira leva oficial de imigrantes japoneses, Carlos Botelho providenciou a vinda de alguns deles, que foram para a Fazenda Dourado, em lguape, de propriedade de seu pai. Coroada de êxito que foi esta iniciativa, vieram depois, oficialmente, os 796 japoneses que desembarcaram do navio Kasado Maru, em Santos.

No campo da pecuária, criou o Posto Zootécnico de São Carlos, onde centralizou grande quantidade de reprodutores, importados de seus pontos de origem e, em 1908, ali realizou uma importante exposição de animais. Em anexo, fundou a Escola de Leitaria, Zootécnica e Alvenaria.

Data de seu tempo o estímulo de forragens para gado construindo 3 silos: na Mooca, no Jd. Aclimação e na sua fazenda, em Dourados. Reestruturou e desenvolveu a Escola Superior de Agronomia " Luiz de Oueiroz ", de Piracicaba, contratando especialistas estrangeiros e lá também organizou a Fazenda Modelo, visando dar um cunho prático ao ensino.

Criou em Iguape o Aprendizado Agrícola, semente daquilo que devem ser as nossas escolas práticas de agricultura. Carlos Botelho, agricultor exímio e cientista, não ficaria adstrito ao ensino rural para o fomento da produção.

Deu a maior ênfase à experimentação e pesquisas do setor, emprestando grande apoio ao Instituto Agronômico de Campinas, desenvolvendo-lhe as seções, trabalhos e pesquisas. E para que estas não ficassem restritas aos arquivos de repartição, ao mesmo tempo que incrementava a distribuição de folhetos e publicações da Secretaria, fundou em 1907 a esplêndida biblioteca da Secretaria da Agricultura.

Dedicando-se à política foi eleito senador estadual pela legenda do Partido Republicano Paulista. Serviu-se de sua cadeira para se bater em prol de leis e regulamentos tendentes a estimular os lavradores e os criadores a ampliar as possibilidades econômicas de São Paulo.

É dessa fase a fundação da Sociedade Rural Brasileira, da qual foi o primeiro presidente. Político esclarecido e leal, parlamentar vigoroso que da tribuna do Senado tantos problemas debateu, conferencista que tantos aplausos recebeu, de vir­tudes diplomáticas que lhe valeram a estima de estadistas internacionais e que o levaram à chefia de nossa representação na Conferência Agronômica de Montevidéu.

Em sua residência à Rua Brigadeiro Tobias, n.º 49, em São Paulo, fundou as célebres palestras agrícolas, "célula mater" da Sociedade Paulista de Agricultura, Liga Agrícola e Sociedade Rural Brasileira.

Representou o Brasil, na qualidade de Ministro Plenipotenciário no Congresso Internacional de Polícia Sanitária e Medicina Veterinária, em Montevideu.

Foi agraciado com os títulos de Comendador da Real Oredem de Orange-Nassau da Holanda e Cavaleiro da Real Oredem do Mérito Agrícola da Bélgica.

A sua vida privada foi cheia de ensinamentos para os que tiveram a fortuna de conhecê-lo na intimidade, assim como a sua existência no lar, padrão do que de melhor nos legaram as nossas tradições familiares. Baste nos assegurar que todos esses ângulos de sua vida, todos esses aspectos de suas múltiplas ocupações, que todas essas facetas de sua personalidade, se conjugaram homo­geneamente para constituir um dos mais equilibrados espíritos que o Brasil já teve.

Afastando-se dos cargos públicos, dedicou-se aos cuidados de suas propriedades agrícolas, criando ali modelares estabelecimentos.
Faleceu na Fazenda do Lobo, em São Carlos, aos 92 anos de idade, em 20 de março de 1947.

Deixou estirpe ilustre, constituída pelo dr. Carlos José Botelho Jr. cirurgião e ex-diretor do Centro Anti-Canceroso do Hotel Dieu, de Paris, descobridor da "reação Botelho" para diagnóstico e tratamento do câncer; d. Constança de Macedo Costa, casada com o dr. Augusto de Macedo Costa; e o Antonio Carlos de Arruda Botelho, casado com d. Olímpia Uchôa de Arruda Botelho, conhecido lavrador e antigo vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira.